COLUNA: O cansaço não pode nos vencer: o #30M deveria ter sido maior
- Habeas Data
- 1 de jun. de 2019
- 3 min de leitura
Por: LUCAS CARDOZO.

Imaginem a cena:
Você está voltando para casa depois de tocar surdo por 5 horas ininterruptas no ato...
Suas pernas estão doloridas, a garganta está arranhando! O estômago? Nem se fala! No bolso, somente 2$ que deveriam ter sido gastos no bandejão, mas que não foram porque a essa hora não tem mais bandejão...
Voltando à narrativa: estou na rua de casa e passo em frente a um quiosque... Era um bando de velhos falando de futebol!
Porém, lá tocava uma música... E mesmo quase morto de cansaço, parei a caminhada rumo a minha cama para escutar aquela música...
Ela dizia mais ou menos assim: "Eu sei que eu vou mudar o mundo com a minha voz. Eu estou cansado de esperar pela mudança"...
Após 5 horas cantando várias músicas no ato, a música que me fez mais sentido foi a que tocava quando o cansaço já me vencia...

Talvez lutar pela educação seja isso mesmo: ficar tão cansado que o sentido do movimento se perca... Você só queria ir pra casa, sua cabeça tá explodindo e você acabou de errar o Olodum porque você está quase caindo de cansaço e fome...
Temo o dia em que ficar muito cansado nos levará ao ponto em que as manifestações ficarão tão fardo de ir que as pessoas simplesmente não irão mais... O #30M não foi maior que o #15M (não tive acesso às notícias ainda, talvez tenha sido maior! Mas fato é que eu sinto uma vibe de descrença! Eu não entendo muito de atos, nem muito de política crua, mas se a gente não continuar lutando por valores universais, rapaziada, não sei o que será de nós!).
Devemos continuar lutando porque na conversa com o Uber que levava os instrumentos de volta pra faculdade é que você pode ganhar mais um integrante pra luta... Devemos continuar lutando porque no barzinho de velhos barrigudos fãs de futebol toca uma música tão linda e com uma letra poderosa como a que eu aqui expus e isso é o que faltava pra você voltar a erguer a cabeça e continuar acreditando no que você acredita (desde que isso faça bem aos demais)... Devemos continuar lutando, enfim, porque você está fazendo a coisa certa e fazer a coisa certa significa lutar pela universidade pública, universal, livre e de qualidade...

Um salve especial para a Gabi, para o Vinícius, para a Bia e para todas as outras pessoas que estiveram conosco, seja tocando na bateria, seja carregando os instrumentos no final do evento! Queria destacar que a Gabi não largou o surdo de terceira nem 1 segundo sequer e o Vinícius mandou muito bem na caixa (ambos aprenderam as batidas básicas desses instrumentos em 10 minutos e levaram muito bem o ato até o final!)... Sobre a Bia, muito obrigado por estar sempre por perto, você era quem segurava o surdo para eu beber água e ainda me ofereceu um kiwi (juro que um dia ainda experimentarei um kiwi!)... ;)
Enfim... Vamos lutar, galera! Vamos nos unir... Não somos balbúrdia! Somos o amigo e a amiga que não sabem tocar nenhum instrumento mas que aprendem em 10 minutos pra ajudar no som; somos o pessoal que te ajuda a carregar os instrumentos até a faculdade; somos a amiga que te oferece kiwi; somos o futuro do Brasil e eu tenho muita fé de que vai ser um futuro de pessoas boas, empáticas e que lutam por valores do bem...

Desculpa pelo textão, mas às vezes eu preciso comentar umas coisas fora da rotina que me acontecem e que eu acho interessantes (rotina essa que te impede de conhecer mais pessoas que te ajudam a carregar instrumentos e que te oferecem kiwi... Mas isso é assunto para outro devaneio como este aqui...).

Lucas Cardozo, 2º período (FND/UFRJ )
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