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Como o mundo enfrenta o novo coronavírus — e o que isso significa para o Brasil

  • Foto do escritor: Habeas Data
    Habeas Data
  • 22 de mai. de 2020
  • 4 min de leitura

por @diasgabrielle


Mais de dois meses após o início das medidas de isolamento social — que até o momento não foram satisfatoriamente implantadas — no Brasil, o poder destrutivo do novo coronavírus já é fato notório para a maior parte da população.

No entanto, será que todos os países estão enfrentando essa crise da mesma forma? Até que ponto as decisões políticas em cada nação têm atenuado (ou potencializado) o poder destrutivo da covid-19?

O caso chinês

Primeiro país a enfrentar a crise, a China vem sofrendo com os impactos da covid-19 desde o fim do ano passado. No início de 2020, após a confirmação de transmissão humana do vírus, a cidade de Wuhan — epicentro dos casos até então — foi posta em isolamento total pelo governo chinês. Outra notícia que ganhou a atenção do mundo na época foi a construção de dois novos hospitais em tempo recorde na cidade: as obras ficaram prontas em apenas 10 dias.

Apesar de terem recebido críticas pelo seu caráter autoritário, as rígidas medidas de isolamento e monitoração dos pacientes e de possíveis casos suspeitos parecem ter surtido efeito: de acordo com o último relatório divulgado pela OMS, não houve registros de novas mortes por coronavírus na China nos últimos dias. Contudo, a aparição de novos casos no norte do país e possíveis mutações do vírus têm preocupado as autoridades.

Vietnã

Também localizado na Ásia, o país comunista vem se mostrando até o momento como um exemplo no combate ao vírus. Apesar de fazer fronteira com a China e não dispor dos recursos e da infraestrutura de seus países vizinhos, o governo vietnamita conseguiu evitar uma catástrofe com a adoção de uma estratégia de baixo custo, envolvendo medidas rígidas de isolamento e a localização de todas as pessoas com as quais os infectados tiveram contato direto ou indireto.

O último relatório da OMS aponta apenas 324 casos registrados no Vietnã e nenhuma vítima fatal.

Los hermanos argentinos

Apesar de ter registrado as primeiras mortes antes mesmo do Brasil, a Argentina, que conta com mais de 40 milhões de habitantes, tem apresentado índices bem menores que os nossos no que concerne ao novo coronavírus.

Isso se deve à ação rápida do governo na adoção de medidas de isolamento social no país: nem mesmo a oposição manifestou resistência ao lockdown. Dessa maneira, ao reconhecerem a necessidade de união em um momento tão difícil, as forças políticas argentinas garantiram a alta adesão populacional ao isolamento e evitaram a propagação de orientações opostas e contraditórias. O presidente da República Argentina, Alberto Fernández, chegou a afirmar que ““aqueles que propõem o dilema entre economia e saúde estão dizendo algo falso”.

Europa

Um dos países mais afetados pela doença, a Itália negligenciou a gravidade do vírus em um primeiro momento, com destaque para a campanha “Milano non si ferma” (algo como “Milão não para”), realizada pela prefeitura da cidade com a intenção de evitar a paralisação das atividades no local.

No entanto, com a explosão de casos no país e o colapso no sistema de saúde, medidas drásticas de isolamento social foram tomadas pelo governo italiano. O atraso na ação das autoridades impôs meses de sofrimento à população, mas o recente achatamento da curva epidêmica tem permitido a retomada de algumas atividades e um leve relaxamento do lockdown.

Por outro lado, um bom exemplo europeu de contenção da propagação do novo coronavírus é Portugal. Ao acompanhar o caos que se instaurava na vizinha Espanha e tendo em vista sua baixa densidade populacional, fator importantíssimo na expansão epidemiológica, o governo português rapidamente adotou um plano de contingência que envolvia restrições de circulação, fechamento de atividades não essenciais e implantação do home office em contextos possíveis. Com a estabilização do número de casos no país, tais restrições vêm sendo lentamente relaxadas pelas autoridades.

Ainda é cedo para calcular o impacto que uma flexibilização das medidas de isolamento terá no número de infectados pelo covid-19 nos países citados anteriormente. Em todo caso, podemos afirmar que o mundo inteiro já tem pelo menos um grande exemplo a não ser seguido: o nosso.

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