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COLUNA: Temos muito para agradecer a Bolsonaro.

  • Foto do escritor: Habeas Data
    Habeas Data
  • 28 de mai. de 2019
  • 3 min de leitura
Por: Bernardo Fialho

Um texto no mínimo interessante

Para quem se preocupa em se antecipar aos fatos sua leitura é obrigatória.

Temos muito para agradecer a Bolsonaro.

Bastaram 5 meses de um governo atípico, "sem jeito" com o congresso e de comunicação amadora para nos mostrar que o Brasil nunca foi, e talvez nunca será, governado de acordo com o interesse de Jair Bolsonaro.

Desde a tal compra de votos para a reeleição, os conchavos para a privatização, o mensalão, o petrolão, o vampirão e o arregão — o Brasil é governado exclusivamente para atender aos interesses de corporações com acesso privilegiado ao orçamento público.

Não só políticos, mas boa parte do judiciário, da administração pública, e principalmente grandes bancos e grupos empresariais bem posicionados nas teias de poder. Os verdadeiros donos do orçamento. As lagostas do STF e os espumantes com quatro prêmios internacionais são só a face gourmet do nosso absolutismo orçamentário.

Todos nós sabíamos disso, mas graças a uma galera mal intencionada, na última eleição compramos a ideia de que era só um efeito de determinado governo corrupto ou cooptado. Diziam que na próxima eleição tudo poderia mudar. Infelizmente não era isso, não era pontual. Bolsonaro provou para o Brasil que, além de mal intencionado, é mentalmente incapaz.

Jair descobriu que não existe nenhum compromisso de campanha que pode ser cumprido sem que o capital financeiro dê suas bênçãos, e ainda que faça de tudo para agradá-los, ninguém parece acreditar na capacidade do presidente, que penou até para fixar o número de ministérios no próprio governo.

Nem uma simples redução no número de ministérios pôde ser feita sem ter que mobilizar grupos de whatsapp. Bolsonaro é incapaz de governar.

Isso é do interesse de quem? Qual o propósito de o Congresso ter que aprovar a estrutura do executivo, indo contra uma promessa de campanha do novo presidente?

O presidente afirma informalmente que o Congresso estaria interessado no aumento de ministérios para ter acesso a cargos na esplanada. Nem era pra tanto, mas ninguém nunca chegou a ter respeito por ele nos 28 anos em que esteve na câmara, continuam não tendo.

Que poder, de fato, tem o presidente do Brasil? Até o momento, como todas as suas ações foram ou serão questionadas no congresso e na justiça, apostaria que o presidente não serve para NADA, exceto para organizar o governo no interesse do capital financeiro. Mas como não tem tido capacidade nem pra isso, não governa, é inútil.

Não negocia com o congresso porque tem medo de debate e não sabe fazer política. O que resta, se 100% dos caminhos dão errado para sua equipe de analfabetos funcionais?

A continuar tudo como está, o capital financeiro vai comandar o governo Bolsonaro na marra e aprovar o mínimo para que o Brasil não quebre, apenas para continuarem mantendo seus privilégios. A colônia-Brasil será mantida viva por aparelhos para que os privilegiados continuem mamando. É fato inegável.

Antes de Bolsonaro, já vivíamos em um cativeiro, sequestrados por interesses do setor bancário e grandes corporações, mas tínhamos a impressão de que nossos representantes eleitos tinham efetivo poder de apresentar suas agendas, que possivelmente interessavam a alguém.

Agora, como a agenda de Bolsonaro não é do interesse de praticamente ninguém (pelo jeito nem dos militares), o sequestro fica mais evidente e o cárcere começa a se mostrar sufocante.

Na hipótese mais provável, o governo será desidratado até morrer de inanição. Daremos adeus Moro, Mansueto e Guedes. Estão atrapalhando o capital financeiro, se mostraram incompetentes em tempo recorde. Corremos sérios riscos de novos rompimentos democráticos e sanções econômicas justificadas por uma suposta “bagunça incorrigível”.

Em outra hipótese, permanecemos governados por este grupo de pessoas, e os agentes econômicos, internos e externos, desistem do Brasil. Teremos um orçamento destruído, aumentando o desemprego, a inflação e com calotes generalizados. Perfeitamente plausível. Claramente possível. Quanto mais tempo se mantiverem no poder.

A hipótese nuclear é uma ruptura institucional irreversível, com desfecho imprevisível. É o Brasil sendo zerado, sem direito para ninguém e sem dinheiro para nada. Não se sabe como será reconstruído. Não é impossível, basta olhar para o que fizeram com a Argentina e a Venezuela. A economia destes países não é funcional. Podemos chegar lá, está longe de ser impossível.

Agradeçamos a Bolsonaro, pois em menos de 5 meses provou de forma inequívoca que o Brasil nunca será governável para atender aos interesses de Bolsonaro.

O Brasil está disfuncional. Como nunca antes. Bolsonaro não é culpado pela disfuncionalidade, pois não destruiu nada, aliás, até agora não fez nada de fato, não aprovou nada, só tentou e fracassou. Ele é só um óculos com grau certo, para vermos que o rei sempre esteve nu, e é horroroso.

Infelizmente o diagnóstico racional é claro: Bolsonaro não nasceu pra ser presidente.

 
 
 

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