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Coluna: 13 de maio e a liberdade que importa

  • Foto do escritor: Habeas Data
    Habeas Data
  • 13 de mai. de 2020
  • 2 min de leitura

Por Gabriel Prado*

 Livro de registros contendo histórico de condenados e suas penas, vol.1.
Imagem: Galeria dos condenados: Placido José Ribeiro.

Poucas vezes antes foi tão necessário revisitar nossa história nacional. Um conjunto de revisionismos tem paralisado o horizonte de uma juventude que tem no horizonte a esperança de uma sociedade justa, igualitária e próspera. Como sempre, aos descendentes das correntes é destinado a árdua tarefa de tirar os grilhões do punho da pátria.


Nossos objetivos vem sendo traçados em um caminho de descaracterização do que foi ensinado equivocadamente como a história nacional. Primeiro, o mito da miscigenação, depois a democracia racial, passando pela igualdade formal do direito e, neste momento, à reconstrução de uma verdadeira epistemologia negra brasileira.


Em 1693, os primeiros Calabouços foram levantados pelo império para que o Estado pudesse realizar os castigos físicos aos escravizados. Anos depois, a primeira penitenciária foi construída pelos mesmos escravizados em 1830. Alguns deles foram transferidos dos calabouços estatais para a Casa de Correção de Matacavalos onde alguns foram registrados e fotografados.


Não muito distante historicamente, as primeiras faculdades começaram a ser construídas pelos escravizados em São Paulo e Recife em 1827. Após quase 200 anos, seus descendentes passaram a ocupa-las em quantidade relevante. Livres para aprender onde antes só serviam para erguer as paredes.


Neste momento, a democracia brasileira caminha com passos tortos. Construída sobre os ombros das camadas sociais vulneráveis, o sistema político sempre se beneficiou dos trabalhadores amansados, das prisões lotadas e daqueles que arcaram em abstrato e em concreto com o luxo dos privilegiados.

Como em outro tempo, é necessário ocupar o que foi construído. Não mais as galerias dos calabouços ou as celas das prisões. A liberdade que importa é a do poder de escolher o próprio destino nacional. Essa liberdade é inegociável e ela nos pertence.


Imagem: [Galeria dos condenados: Placido José Ribeiro] : Livro de registros contendo histórico de condenados e suas penas, vol.1


*Gabriel Prado - Graduando em Direito pela USP.


Obs.: texto originalmente publicado na conta pessoal do autor no instagram. Republicação autorizada pelo autor. Acesso em 13/05/2020 (https://www.instagram.com/p/CAHOevdB_CF/?igshid=pkq0gy7ky8h9)


 
 
 

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